Autoridade sem mérito, comando sem visão, empresas reféns de uma elite ultrapassada

Ainda hoje, em pleno século XXI, Portugal continua dominado por uma fauna empresarial formada à imagem do cacique, do pequeno tirano de bairro com pretensões de grande líder.
Os nomes mudam, os tempos mudam, os discursos modernizam-se…
Mas no fundo, a massa de que são feitos muitos patrões portugueses continua a ser a mesma: dura, rija, conservadora e moldada pelo medo da mudança.


👑 O patrão português: uma figura mitológica... mas bem real

Ele acha que sabe tudo.
Não ouve, impõe.
Não lidera, ordena.
Não estimula, controla.

Na sua visão, o colaborador ideal:

  • obedece sem questionar,
  • agradece o salário (mesmo que miserável),
  • e nunca, mas nunca, se atreve a pensar pela própria cabeça.

A cultura empresarial portuguesa ainda gira em torno de um "eu mando, tu fazes" que remonta aos tempos do latifúndio e da fábrica do século XIX.


🧱 A origem da matéria: medo, vaidade e mediocridade confortável

A maioria destes patrões foi feita de três ingredientes:

  1. Herança — negócios herdados, não construídos.
  2. Tempo de casa — quem resistiu ao tempo, sobe. Quem inovou, caiu.
  3. Rede de favores — cunhas, compadrios e cafés partilhados com o contabilista da zona.

Não há formação.
Não há literacia de gestão.
Não há visão de futuro.

Mas há ego — muito.
E uma repulsa profunda por quem pensa diferente, age melhor ou exige mais.


📉 Consequência? Empresas anacrónicas, improdutivas e sem talento jovem.

Enquanto o mundo fala de IA, transição digital, ESG e culturas horizontais, muitas empresas portuguesas ainda vivem como se estivéssemos em 1983.

  • Jovens fogem.
  • Talento desmotiva.
  • Os melhores profissionais são substituídos por "gente fiel".
  • E os resultados…? Medíocres. Mas com muitas palmadinhas nas costas entre amigos.

Chegou a hora de refundar a classe empresarial portuguesa

Precisamos de patrões com coragem de sair da sombra do caciquismo e da cultura da obediência cega.

  • Que estudem, escutem e se rodeiem de quem sabe mais do que eles.
  • Que liderem com ética, propósito e resultados.
  • Que saibam ser firmes… sem serem arrogantes.
  • Que saibam ser exigentes… sem serem pequenos ditadores.

Porque liderar não é mandar. É inspirar, construir, multiplicar.


Artigo de Augustus Veritas

🌌 Fragmentos do Caos: Blogue Ebooks Carrossel
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