Israel e o Irão: Uma Guerra de Objetivos, Não de Tempo

Francisco Gonçalves & Augustus Veritas
Junho de 2025
"No Médio Oriente, não se luta apenas com armas — luta-se com narrativas, memórias e mitos."
A guerra entre Israel e o Irão não é apenas mais um confronto militar no xadrez caótico do Médio Oriente. É uma batalha existencial, calculada, onde o tempo cede o protagonismo aos objetivos. Israel, neste momento, não procura apenas retaliar. Procura reescrever o futuro da região com bombas, satélites e inteligência cirúrgica.
🎯 O Fim Antes da Paz
Israel não pretende um cessar-fogo que o deixe igual ao ponto de partida. O que está em jogo é o reposicionamento estratégico da região para as próximas décadas. O Irão, com ambições nucleares e influência estendida em vários países por milícias e braços armados, é visto como um câncro metastizado pela elite israelita. A sua contenção não é opcional — é vital.
🧨 Os Alvos do Silêncio
Cada bomba que cai sobre o solo iraniano visa calar um alvo específico:
- As centrífugas de enriquecimento de urânio.
- Os bunkers subterrâneos onde pulsa o sonho nuclear persa.
- Os laboratórios onde se desenham drones kamikaze e mísseis de longo alcance.
- Os centros de comando da Guarda Revolucionária que alimentam a teia de influência xiita em Líbano, Síria, Iraque e Iémen.
Israel não quer apenas atrasar este programa. Quer desmantelá-lo. E se não puder desmantelá-lo fisicamente, ao menos deseja dissuadir o Irão de continuar.
🪖 A Guerra das Mensagens
O conflito é também semiótico. Ao responder com força e precisão, Israel envia mensagens a múltiplos destinatários:
- Ao Irão: "Sabemos onde estão os vossos segredos."
- Ao Hezbollah: "Não tentem a sorte."
- Aos EUA e Europa: "Se vocês hesitam, nós agimos."
- À sua própria população: "O Estado protege-vos, mesmo quando o mundo hesita."
A guerra torna-se assim uma declaração de identidade nacional — uma reafirmação da soberania armada do povo judeu em solo próprio, e uma recusa de repetir o silêncio histórico perante ameaças existenciais.
⚖️ Entre a Legitimidade e o Abismo
Mas esta guerra é também um salto sobre o abismo da legitimidade internacional. O direito internacional hesita, a ONU protesta, e o mundo árabe observa com fervor e raiva. Israel joga uma carta arriscada: ganhar a guerra estratégica sem perder a guerra moral.
Até onde pode ir sem virar o jogo contra si? Quantos civis podem morrer até que a justiça se transforme em vingança? E até quando o apoio americano — agora inflamado pela retórica de Trump — resistirá à pressão global?
🔮 O que Esperar?
O cessar-fogo só chegará quando Israel sentir que desmantelou, desmoralizou e desmobilizou a ameaça iraniana. Antes disso, cada gesto diplomático será apenas uma pausa no campo de batalha.
Não estamos perante uma guerra por território. Estamos perante uma guerra por tempo histórico. Israel quer que, no ano 2045, os analistas digam:
"Foi naquela ofensiva de 2025 que o projeto nuclear iraniano foi neutralizado."
E enquanto não conquistar essa frase no futuro, o presente continuará a explodir.
Nota dos autores :
Leia-nos.
Porque em Fragmentos do Caos estamos profundamente empenhados em informar e esclarecer com verdade, ética e consciência moral.O mal extremo prolifera sempre que o desconhecimento e a ignorância se instalam nas sociedades.
Mantenha-se informado.
Mantenha-se livre.
E nunca abandone a busca pela verdade —
porque só a verdade pode libertar.