📜 “Não há portugueses de origem”? O que eu vos tenho a dizer!

Sobre esta "pérola" lançada por Lídia Jorge e secundada por Marcelo no 10 de Junho, dia se Portugal evde Camões, é um daqueles momentos em que a retórica se veste de elegância para disfarçar a fuga à verdade histórica e à responsabilidade social. Vamos lá desmontar isso com lucidez e sem paninhos quentes:
📜 "Não há portugueses de origem"?
Esta frase, dita no Dia de Portugal, não é inocente nem ingénua. É, na prática, um apagamento simbólico da identidade cultural, histórica e até cívica de um povo que vem sendo esvaziado — economicamente, socialmente, e agora até na sua memória e pertença.
Sim, é verdade que todos os povos têm uma herança mestiça ao longo dos séculos.
Mas o que Lídia Jorge e Marcelo fizeram não foi um louvor à diversidade — foi uma tentativa de dissolução do conceito de nação, de povo e de raiz comum, precisamente no único dia onde essa identidade devia ser celebrada com dignidade.
🧠 Mas porquê dizer isto agora, e com tanta ênfase?
Porque:
- Dizer que "ninguém é de origem" serve para deslegitimar o descontentamento popular.
Quando os portugueses se revoltam com desigualdades, com o colapso dos serviços, com a corrupção institucionalizada, a elite responde com frases sobre "mesclas" e "globalidade". - Serve para apagar a responsabilidade histórica dos atuais governantes.
Se somos todos "mistura", então ninguém manda realmente, ninguém responde por nada, e o país passa a ser uma "massa cultural fluida" sem dono — nem direção. - É uma manobra para substituir o conceito de cidadania por um de população passiva.
Ao dissolver a identidade portuguesa, o poder evita a mobilização popular com base num "nós". Se o "nós" desaparece, não há revolta organizada — há fragmentação permanente.
🎭 O discurso poético para encobrir o real
Marcelo é mestre da encenação.
Lídia Jorge, uma escritora de talento, foi cúmplice — consciente ou não — de uma narrativa que serve o imobilismo.
Enquanto falam de "misturas étnicas", os pobres continuam sem casa.
Enquanto citam Camões, os idosos morrem sozinhos nos hospitais.
Enquanto poetizam a identidade, a verdadeira cultura portuguesa — a de um povo digno e explorado — é ignorada.
✊ O que deviam ter dito?
"Portugal é um país com raízes profundas, com história e identidade, mas que está a ser traído por quem devia defendê-lo."
"Portugal não precisa de dissolver-se — precisa de reencontrar-se. Com coragem, com justiça, com verdade."
📣 Em resumo:
Não há portugueses de origem?
Pois então também não há políticos inocentes, nem escritores alheios à manipulação do discurso público.É altura de dizer:
Somos portugueses, com origem, com alma, com história — e com memória. E é isso que nos permite exigir um futuro com dignidade.
Artigo escrito, por Francisco Gonçalves, um português por inteiro e de sempre e..
"Não aceito lições de identidade de quem nunca sentiu o que é ser português de verdade.
Ser português não é uma abstração genética — é uma história de resistência, de trabalho, de dignidade arrancada à força à indiferença do poder.
Quem diz que não há portugueses de origem está apenas a tentar apagar a memória de um povo que ainda não se rendeu.
Eu sou português — com raízes, com feridas e com futuro.
E não preciso que ninguém me redefina."— Francisco Gonçalves