Por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas

Ontem, o governo de Luís Montenegro apresentou ao país o que chamou de "Agenda Transformadora".
Promete menos impostos, menos burocracia, mais liberdade para empresas e mais eficiência na máquina do Estado.

À primeira vista, parece música para os ouvidos de quem trabalha e produz.
Mas quando olhamos mais de perto, o que soa não é uma sinfonia de progresso — é um remix gasto das promessas de sempre, sem uma nota de futuro.


📉 Reduzir impostos... mas para quê?

Sim, o alívio fiscal é importante.
Sim, descomplicar o Estado é urgente.
Mas nenhuma economia se transforma apenas com medidas fiscais.
Reformar o Estado sem apostar no que gera riqueza real — educação, ciência, inovação e cultura — é como querer correr uma maratona descalço: até pode começar rápido, mas vai estagnar ao primeiro obstáculo.


🧠 O que ficou de fora?

Eis o que o plano de Montenegro ignora (ou evita):

  • Educação: Nenhuma proposta para qualificar professores, reformar currículos ou preparar as escolas para os desafios digitais e científicos do século XXI.
  • Ciência e Inovação: Zero menções a investimento em I&D, estímulo a startups, redes de colaboração entre universidades e empresas, ou estratégias de transição tecnológica.
  • Juventude e futuro: Nada sobre fixar talentos, travar a emigração qualificada, ou estimular o empreendedorismo jovem.

O governo fala em "transformar o Estado", mas a transformação que o país precisa não é administrativa — é estrutural, cultural e geracional.


🏭 Reforma… ou gestão do declínio?

O que Montenegro propõe, na verdade, é uma gestão tecnocrática do status quo, com roupagem moderna.
Tira-se peso ao Estado — mas não se dá músculo ao país.
Corta-se o mato — mas não se planta nada de novo.

A mesma visão curta que Portugal já conhece há décadas: aliviar o presente, sem ousar construir o futuro.


📌 O que deveria ser feito?

Uma verdadeira "agenda transformadora" teria de:

  • Tornar a educação a prioridade número um.
  • Criar um plano nacional de inovação e ciência, com financiamento, metas e indicadores públicos.
  • Apostar em hubs tecnológicos e de investigação, com incentivos fiscais reais para quem investe em futuro.
  • Trazer a juventude para o centro do sistema político e económico, não como estatística, mas como força motora.

✊ Conclusão

Montenegro lançou medidas que aliviam o bolso —
mas continuam a esvaziar o país daquilo que realmente o pode tirar da cauda da Europa: inteligência, ambição e coragem para inovar.

Sem educação, não há soberania.
Sem inovação, não há futuro.
E sem visão, não há reforma — apenas mais uma gestão da mediocridade.


📍Publicado em Fragmentos do Caos
✍️ Por Francisco Gonçalves & Augustus Veritas



"A reforma de Montenegro corta nos impostos, mas também corta no futuro.
Não há investimento na inteligência, na ciência, nem na juventude.
Reformar o Estado sem educar o país é como mudar o telhado enquanto o alicerce apodrece."

Francisco Gonçalves


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