Trump, Putin, Xi… e a Europa à margem da História

Publicado em 2025-05-17 10:26:00

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O mundo está a ser redesenhado — não por tratados, mas por ambição bruta. Enquanto as placas tectónicas da geopolítica se movem com violência, a Europa dorme com o peso dos seus fantasmas e a ilusão do seu passado imperial.

Estamos a assistir a uma nova Guerra Fria — mas com menos ideologia e mais transações.
Uma era de capitalismo armado, de autoritarismo estratégico e de alianças voláteis.
E no centro deste novo xadrez, três peças dominam o tabuleiro:


Trump: o CEO do império em renegociação

Donald Trump não vê o mundo como um sistema de equilíbrios, mas como um campo de negócios.
Para ele, alianças não são valores, são contratos:

Com Trump de volta ao palco internacional, os EUA transformam-se numa potência ainda mais pragmática, transacional e unilateral.

A NATO, a ONU, a ordem liberal?
Meros obstáculos à liberdade de negociação americana.


Putin: o czar do caos calculado

Putin não quer dominar o mundo.
Quer rever o mapa da humilhação soviética, corroer a coesão ocidental e manter um império de influência baseado em gás, exércitos privados e desinformação.

A guerra na Ucrânia não é só sobre território.
É uma declaração:

“O Ocidente já não manda. A Rússia não se ajoelha.”

Putin sabe que o tempo joga a seu favor — porque a Europa está dividida e os EUA só olham para dentro.


Xi Jinping: o imperador silencioso da ordem paralela

Enquanto o Ocidente discute género, política identitária e déficit democrático, a China constrói infraestruturas, compra minérios, domina cadeias de valor.

Não precisa de invadir países.
Compra-os.
Com crédito, influência, tecnologia e vigilância.

O plano é claro:

E o Ocidente?
Discute regulações. Enquanto a China fabrica o futuro.


E a Europa? Um continente em gestão de melancolia

A Europa perdeu o apetite pela História.
Transformou-se num condomínio bem regulamentado, que debate muito e executa pouco.

Não tem uma política externa comum.
Não tem defesa comum.
Não tem ambição global.

Faz conferências sobre democracia digital…
enquanto Trump e Putin fazem planos de poder real.


Portugal: a sombra da sombra

E Portugal?
Tem voz apenas quando é para elogiar os outros.
Não constrói alianças, não lidera causas, não antecipa riscos.

Estamos, como sempre, no lado certo da História — mas no banco de trás, de braços cruzados.


✊ Acordar ou fenecer

O mundo está a mudar. E depressa.
Se a Europa (e Portugal com ela) não quiser tornar-se apenas um museu do século XX com turistas do XXI, terá de:

Porque hoje, quem não tem força, não tem voz.

E quem não tem voz… desaparece da História.


Por Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos