O mundo está a ser redesenhado — não por tratados, mas por ambição bruta. Enquanto as placas tectónicas da geopolítica se movem com violência, a Europa dorme com o peso dos seus fantasmas e a ilusão do seu passado imperial.

Estamos a assistir a uma nova Guerra Fria — mas com menos ideologia e mais transações.
Uma era de capitalismo armado, de autoritarismo estratégico e de alianças voláteis.
E no centro deste novo xadrez, três peças dominam o tabuleiro:


Trump: o CEO do império em renegociação

Donald Trump não vê o mundo como um sistema de equilíbrios, mas como um campo de negócios.
Para ele, alianças não são valores, são contratos:

  • Se pagas, és aliado.
  • Se criticas, és inimigo.
  • Se tens petróleo, és cliente.

Com Trump de volta ao palco internacional, os EUA transformam-se numa potência ainda mais pragmática, transacional e unilateral.

A NATO, a ONU, a ordem liberal?
Meros obstáculos à liberdade de negociação americana.


Putin: o czar do caos calculado

Putin não quer dominar o mundo.
Quer rever o mapa da humilhação soviética, corroer a coesão ocidental e manter um império de influência baseado em gás, exércitos privados e desinformação.

A guerra na Ucrânia não é só sobre território.
É uma declaração:

"O Ocidente já não manda. A Rússia não se ajoelha."

Putin sabe que o tempo joga a seu favor — porque a Europa está dividida e os EUA só olham para dentro.


Xi Jinping: o imperador silencioso da ordem paralela

Enquanto o Ocidente discute género, política identitária e déficit democrático, a China constrói infraestruturas, compra minérios, domina cadeias de valor.

Não precisa de invadir países.
Compra-os.
Com crédito, influência, tecnologia e vigilância.

O plano é claro:

  • Liderar o mundo não com exércitos, mas com contratos.
  • Substituir o dólar, não com tanques, mas com chips.

E o Ocidente?
Discute regulações. Enquanto a China fabrica o futuro.


E a Europa? Um continente em gestão de melancolia

A Europa perdeu o apetite pela História.
Transformou-se num condomínio bem regulamentado, que debate muito e executa pouco.

  • Depende energeticamente dos outros.
  • Está tecnologicamente atrasada.
  • Vive presa à nostalgia de valores que ninguém mais respeita num mundo em armas.

Não tem uma política externa comum.
Não tem defesa comum.
Não tem ambição global.

Faz conferências sobre democracia digital…
enquanto Trump e Putin fazem planos de poder real.


Portugal: a sombra da sombra

E Portugal?
Tem voz apenas quando é para elogiar os outros.
Não constrói alianças, não lidera causas, não antecipa riscos.

Estamos, como sempre, no lado certo da História — mas no banco de trás, de braços cruzados.


✊ Acordar ou fenecer

O mundo está a mudar. E depressa.
Se a Europa (e Portugal com ela) não quiser tornar-se apenas um museu do século XX com turistas do XXI, terá de:

  • investir em poder real (económico, energético, militar, digital),
  • unificar a sua visão estratégica,
  • abandonar a ilusão de que basta ter razão para ser respeitada.

Porque hoje, quem não tem força, não tem voz.

E quem não tem voz… desaparece da História.


Por Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

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