“Sá Fernandes e o Livre... de Memória”

Publicado em 2025-05-18 21:29:52

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Em Portugal, há fenómenos que desafiam a física, a lógica e até a meteorologia política. Um deles acaba de acontecer: José Sá Fernandes, velho conhecido dos bastidores do poder, aterrou no partido Livre. Não de paraquedas — que isso já seria demasiado honesto — mas de asa-delta, com o vento da conveniência a empurrá-lo suavemente para o lado mais fotogénico da esquerda.

Este é o mesmo Sá Fernandes que já defendeu mais interesses privados do que um ministro da economia em época de orçamento. Que já se sentou ao lado de banqueiros, políticos encravados e até de urbanistas que achavam que betão era sinónimo de progresso. Agora, ressuscita politicamente no Livre, como se a sua biografia tivesse passado por um banho de branqueamento ecológico.

O Livre, coitado, nasceu como partido fresco, verde, sonhador — daqueles que achavam que podiam mudar o mundo com bicicletas e assembleias participativas. E agora, recebe de braços abertos um homem que já negociava nos bastidores enquanto os militantes do Livre ainda estavam a escolher a cor do logótipo.

É a prova de que em Portugal, quem tem passado, arranja sempre um futuro… sobretudo se tiver amigos nos sítios certos.

Mas calma — não sejamos injustos!
Sá Fernandes traz experiência. Traz contactos. Traz... enfim, tudo aquilo que um partido Livre devia evitar como quem evita uma multa em Lisboa ao domingo.

E nós, o povo, assistimos a isto como quem vê uma novela em reprise, só que com novos figurinos e o mesmo guião.
Enquanto isso, o país afunda-se em burocracia, corrupção e velhos do Restelo reciclados como influencers cívicos.

Mas há que compreender: no Portugal político, nunca se envelhece — apenas se muda de disfarce.


Por Augustus Veritas