Durante décadas, venderam-nos a ideia de que a Segurança Social portuguesa era o garante de um sistema justo e solidário. Um contrato entre gerações. Um pilar da democracia social. Mas os dados de 2023 desmentem esse mito com a força de um murro na mesa.

📊 A realidade em números

Enquanto um reformado da Segurança Social recebe em média 494 € mensais, um aposentado da Caixa Geral de Aposentações (CGA) aufere, em média, 1.679 € mensais — ou seja, mais de 3 vezes mais.

Ambos descontaram. Ambos contribuíram. Ambos acreditaram no sistema.
Mas o sistema… não trata todos por igual.


⚠️ As implicações desta injustiça

1. Dois regimes, dois países

Criou-se em Portugal uma elite protegida — a do setor público — cujos direitos adquiridos e regras de cálculo garantem reformas generosas, enquanto o trabalhador privado é condenado a sobreviver com o mínimo.

2. Transferência de recursos entre regimes

A CGA está tecnicamente falida. O Estado já pondera transferir verbas da Segurança Social para cobrir os buracos do regime público.
Isto significa, na prática, que os descontos dos trabalhadores do setor privado poderão vir a pagar as reformas da função pública.

3. Falta de transparência

Quantos sabem realmente onde vão parar os seus descontos?
Quantos têm acesso a uma simulação real da sua futura reforma?
A resposta é clara: a opacidade do sistema é total.

4. Desigualdade intergeracional

Os jovens que hoje entram no mercado de trabalho:

  • pagam mais,
  • trabalham mais anos,
  • e terão reformas mais baixas.

Pagam um sistema que não lhes pagará a eles.


🧨 Um sistema social ou um esquema político?

A Segurança Social transformou-se numa máquina política. Serve para:

  • distribuir benesses em ano de eleições,
  • manter privilégios herdados de um Estado corporativo,
  • e esconder a falência futura sob promessas vãs.

A consequência? Desilusão social. Cinismo cívico. Fuga de talentos.


✊ O que é preciso fazer?

  • Separar o regime contributivo do assistencial.
  • Publicar relatórios anuais claros e acessíveis.
  • Unificar critérios de cálculo entre setor público e privado.
  • Garantir que os direitos são proporcionais aos deveres.

Porque a justiça social começa por ser… justiça.

E sem justiça nas pensões, não há país digno, nem futuro confiável.


Por Francisco Gonçalves in Fragmentos de Caos

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