Publicado em 2025-05-21 21:00:34
Há algo de profundamente perturbador em viver num país onde, mesmo perante os factos mais gritantes, o povo insiste em acreditar nas mentiras. Como se a verdade fosse um incómodo, uma pedra no sapato, e a ilusão o único travesseiro onde ainda se pode descansar.
Portugal tornou-se mestre na arte do autoengano. E os políticos? Artistas consumados da manipulação subtil. Especialistas em dizer tudo sem dizer nada. Doutorados em parecer decentes. E o povo, como que hipnotizado, continua a votar neles. Sempre nos mesmos. Há 50 anos.
Um caso entre muitos — Luís Marques Mendes, anunciado como possível candidato à Presidência da República.
Mas o que representa ele?
Um homem que nunca geriu uma empresa, nunca criou empregos, nunca sentiu o peso de uma conta por pagar, nunca teve de enfrentar a máquina fiscal como o comum cidadão. Viveu entre pareceres, leis e relatórios — no conforto dos corredores do poder. É mais um produto da escola do “dizer sem fazer”.
E no entanto... apresenta-se como solução nacional.
Portugal já não é governado — é gerido como um reality show de fim-de-tarde, onde o guião é sempre o mesmo:
Porque vota o povo em quem o traiu?
Porque aceita que os mesmos incompetentes de sempre sejam reapresentados como “salvadores”?
Porque se habituou. Porque a desilusão tornou-se rotina. Porque a mentira repetida mil vezes já não causa náusea — causa conforto.
Isto é insanidade? Talvez.
Mas é também o resultado de décadas de manipulação, de falta de educação cívica, de televisão anestesiante e de jornalismo domesticado.
Aqui, a inteligência assusta.
A competência é sabotada.
A ousadia é abafada.
E quem fala verdade, é ridicularizado.
Vive-se sob o domínio dos enganadores de sorriso fácil e mãos limpas de responsabilidade.
Portugal precisa de:
Enquanto os enganadores se mantiverem no palco, Portugal continuará no fosso.
Mas o dia em que os palhaços forem vaiados em vez de aplaudidos — esse dia será o verdadeiro 25 de Abril do século XXI.
Por Augustus Veritas
Um desabafo sobre o silêncio que sufoca quem ousa pensar. Uma reflexão sobre o ato de escrever num país que prefere calar.
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