Publicado em 2025-05-26 14:31:41
Francisco Gonçalves
Portugal, país de sol, mar… e subsídios partidários. Num sistema político onde os votos valem dinheiro, os partidos tornaram-se empresas de capital eleitoral, e o povo, mais uma vez, o investidor involuntário.
Basta um partido alcançar cerca de 50.000 votos em eleições legislativas e… voilà!
Abre-se o cofre do erário público:
Não interessa se o partido tem ideias, propostas ou utilidade.
Interessa é passar a meta mágica dos 50 mil. A partir daí, instala-se a máquina:
“Partido político em Portugal? É como abrir uma start-up de subsídios.”
Milhões são transferidos todos os anos para partidos — grandes, médios, pequenos e até minúsculos.
E ninguém protesta. Porque ninguém explica. E a comunicação social finge que não é com ela.
Este modelo transforma a política num negócio de sobrevivência:
A cada eleição, assistimos ao desfile de listas recicladas, slogans ocas e promessas copiadas — tudo financiado com o dinheiro de quem vai votar sem saber que está a sustentar a farsa.
Portugal é o único país onde partidos irrelevantes sobrevivem com financiamento garantido e onde os grandes vivem como organismos parasitas do orçamento do Estado.
“A democracia é a desculpa. O negócio é o voto.”
Francisco Gonçalves
Como tão lucidamente perguntou Saramago, com aquele olhar atravessado pela verdade crua:
“É isto a democracia?”
Uma pergunta que ressoa como punhal subtil —
num país onde se confunde liberdade com marketing político,
onde o voto alimenta estruturas de poder fossilizadas,
e onde o cidadão serve para votar… mas não para decidir.
Saramago sabia que a democracia sem consciência é só uma encenação periódica,
um teatro com urnas, bandeiras e discursos —
mas onde o guião é sempre escrito pelos mesmos.
A verdadeira democracia começa quando essa pergunta deixa de ser retórica.
Quando alguém a escreve num muro.
Quando um povo a faz, em uníssono — e exige resposta.
FG.
Porque acredito que o pensamento deve ser partilhado, não aprisionado.
Escrevo para despertar, não para agradar.
Publico livremente porque o saber é um direito, não um produto.