O Monstro Cresceu no Jardim do Centrão

Publicado em 2025-05-25 20:20:15

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Quando os pais da crise fingem não conhecer o filho populista

Por Francisco Gonçalves

Nos últimos tempos, ouvimos figuras do PS e do PSD dizerem, com ar aflito, que não sabem como lidar com o Chega.
É comovente. E também é cómico — se não fosse, acima de tudo, trágico.

O Chega é a criatura do sistema que fingiu combatê-lo.
Foi gestado no ventre da desilusão, alimentado com as sobras da má governação, educado nos corredores da frustração popular.
Mas o sistema? O sistema estava ocupado a fingir que tudo estava bem.


O berço da demagogia estava forrado a PS e PSD

Durante cinquenta anos, os dois partidos que se alternaram no poder:

E agora, de repente, dizem-se “surpreendidos” com o crescimento do Chega.
Como se o populismo tivesse caído de Marte.


O Monstro só cresceu porque ninguém limpou a casa

O Chega não seduz por ter boas propostas — seduz por apontar o dedo aos culpados certos (mesmo que pelas razões erradas).
Diz o que muitos sentem, mas com o veneno do ressentimento e da simplificação.

Enquanto isso, os partidos tradicionais continuam a falar em “estabilidade orçamental”, “coligações alargadas” e “reformas estruturais” — como se ninguém os ouvisse há 50 anos a dizer o mesmo.


Sátira? Eis o diálogo imaginário:

PSD: Não sabemos como travar o populismo.
PS: Precisamos de uma frente democrática.
CHEGA (rindo): Continuem a fazer igual. Eu agradeço.


Conclusão

O Chega é o espelho partido de uma democracia que se esqueceu de ser democracia.
E os seus criadores, hoje assustados, fingem que nunca o alimentaram.

Mas o povo sabe.
E, mais cedo ou mais tarde, saberá escolher não só entre o medo e a farsa — mas por uma nova forma de cidadania.

“A crise do regime não começou com o Chega. Começou com os que fingiram que estavam a governar o povo — quando na verdade estavam apenas a gerir o seu silêncio.”