O Respeitinho Nacional: A Arte de Não Pensar em Voz Alta

Temos uma cultura construída com os seguintes pilares:
- "Não te metas!"
- "Fala baixo!"
- "Olha que o senhor doutor não gosta disso..."
E assim, de respeitinho em respeitinho, lá vamos alimentando décadas de mediocridade com um sorriso e um fado triste de fundo.
A Máquina do Silêncio
Quando alguém como Paulo Morais — que combate a corrupção com coragem e lucidez — escreve todos os dias sobre os podres do regime, que faz o povo?
- Clica no botão "gosto" e continua a ver vídeos de gatinhos.
- Diz "lá está ele outra vez com essas coisas..."
- Ou, o mais comum: não faz nada.
Não comenta, não partilha, não reflete. Porque pensar cansa. E pode dar chatices.
A Obediência como Virtude Nacional
Desde pequenos que nos treinam:
- A levantar o dedo para pedir para falar.
- A repetir o que vem nos manuais.
- A ser "cordatos", "educadinhos", "mansinhos".
O resultado? Um povo que aplaude quando o enganam com um novo plano fiscal.
Que sorri quando o governo diz que está tudo bem, mesmo com o frigorífico vazio.
E que só protesta... quando há bola ou reality shows.
Pensar? Só com licença!
Aqui vai uma regra de ouro:
Se queres ser ouvido em Portugal, nunca digas nada novo. E, se possível, elogia o sistema.
Se disseres que a democracia está capturada, que os partidos são clubes privados, ou que os impostos servem para manter a elite instalada — preparam-te logo uma camisa-de-forças intelectual.
Mas há quem não se cale...
Há os que escrevem.
Os que gritam.
Os que apontam o dedo.
E por isso mesmo, são empurrados para as margens da comunicação e da visibilidade.
Francisco Gonçalves, Paulo Morais, e tantos outros que ousam...
São os excêntricos da lucidez. Os teimosos da verdade.
E, na verdade, os únicos que ainda merecem ser lidos.
Moral da história (se é que há):
Portugal não precisa de mais respeitinho.
Portugal precisa é de insolência lúcida.
De crítica com coragem.
De pensamento que fure a bolha do silêncio.
Porque respeitar cegamente é só outra forma de assinar o contrato da própria servidão.
Autor : Augustus Veritas
Imagem cortesia de OpenAI (c)
Escrever no Vazio
Um desabafo sobre o silêncio que sufoca quem ousa pensar.
Uma reflexão sobre o ato de escrever num país que prefere calar.