Desemprego em Portugal: A Arte de Esconder o Desespero

Publicado em 2025-05-21 16:18:35

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Anunciam-nos, com ar triunfante, que Portugal tem apenas 4,2% de desemprego. Que milagre, exclamam os ministros. Que exemplo para a Europa, repetem os jornais bem comportados. Mas quem caminha pelas ruas, quem fala com amigos, quem vê lojas fechadas e jovens a fazer as malas, sabe que esta é uma mentira — não descarada, mas sofisticada. Uma mentira com estatística.

O truque é simples: redefine-se o conceito de “desempregado” até que caiba num número bonito. E tudo o resto… varre-se para debaixo do tapete da “inatividade”.


A ilusão dos 4,2%

Segundo as contas oficiais, cerca de 220 mil pessoas estão sem trabalho. Mas essa conta ignora todos os que:


A realidade escondida: 13% ou mais

Se somarmos todos os excluídos das estatísticas, o número real de pessoas sem trabalho digno sobe para perto de 650 mil. O que dá uma taxa real de desemprego superior a 13%.

Não estamos a trabalhar. Estamos a fingir que sim.
Fingimos que formar é empregar.
Que ocupar é construir.
Que estagiar é evoluir.
E que emigrar é liberdade — quando é, muitas vezes, desespero travestido de aventura.


A culpa? Um sistema viciado no faz-de-conta

Políticos que vivem de relatórios, não de realidades.
Empresas que sobrevivem à custa de subsídios e precariedade.
Um povo exausto que já não sabe se está desempregado, subempregado ou simplesmente invisível.


Portugal: o país onde trabalhar com dignidade virou luxo

Enquanto o governo aplaude as estatísticas, os portugueses continuam a:


Conclusão (sem estatísticas, só verdade):

Portugal não tem 4,2% de desemprego.
Tem milhares de vidas suspensas.
E uma classe política que se especializou em pintar retratos bonitos com tinta invisível.


Mas a verdade — essa teimosa — acaba sempre por emergir.
E quando o povo acordar, talvez perceba que não basta contar desempregados.
É preciso contar as vidas desperdiçadas por um sistema que já não funciona.


Artigo de Augustus Veritas in Fragmentos de Caos

Escrever no Vazio

Um desabafo sobre o silêncio que sufoca quem ousa pensar. Uma reflexão sobre o ato de escrever num país que prefere calar.

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