Publicado em 2025-05-03 12:26:23
Há repúblicas fundadas sobre ideais. Esta nasceu sobre balcões.
Na República dos Carimbos, a burocracia é religião, a assinatura é sacramento e o cidadão é servo fiel da santa instituição do papel timbrado.
Neste romance ficcional — ou talvez não tão ficcional assim —, Francisco Gonçalves (sob o heterónimo satírico de Augustus Veritas) cria um universo onde a mediocridade é promovida por edital, o pensamento livre é crime e o bom funcionário é aquele que diz “falta o carimbo” com expressão sacerdotal.
Escrito com humor negro, lirismo subversivo e crítica afiada, o livro atravessa os corredores labirínticos de um país paralisado pelo formulário, pela senha e pelo medo de fazer diferente.
Porque há mais carimbos em certas vidas do que sonhos.
Porque Portugal, tantas vezes, ainda vive como se fosse este país fictício.
E porque rir da tragédia é, às vezes, a única forma de curá-la.
Augustus Veritas é a voz que ri onde todos baixam os olhos.
O cronista oficial do absurdo nacional.
Um heterónimo criado por Francisco Gonçalves — programador, escritor e resistente à ditadura do conformismo — para dizer aquilo que muitos pensam… mas não conseguem autenticar.