Publicado em 2025-03-19 15:04:46
A mais recente tentativa da administração Trump de mediar um cessar-fogo na Ucrânia não só fracassou, como também expôs a falta de capacidade estratégica do presidente norte-americano em lidar com Vladimir Putin. O líder russo, experiente no jogo diplomático, transformou a proposta americana num golpe de propaganda para os seus próprios interesses, deixando os EUA numa posição ainda mais enfraquecida no cenário global.
Enquanto Trump e a sua equipa acreditavam que estavam a negociar um acordo que garantiria um cessar-fogo de 30 dias, o que obtiveram foi uma série de concessões insignificantes e sem garantias concretas, enquanto Putin conseguiu reforçar a sua influência na guerra sem comprometer a sua estratégia militar.
Desde o início, a proposta de cessar-fogo da administração Trump foi mal planeada e ainda pior negociada. O pedido era simples: uma trégua de 30 dias sem ataques na linha da frente, sem condições. No entanto, após uma semana de silêncio de Moscovo e centenas de vidas perdidas, o que a Rússia concedeu foi apenas uma pausa nos ataques a infraestruturas energéticas e uma troca limitada de prisioneiros.
O problema central deste acordo está na diferença de interpretação dos termos:
Ou seja, o Kremlin não prometeu nada que realmente mude a dinâmica da guerra. A pausa nos ataques às redes de energia ucranianas não beneficia significativamente Kiev neste momento, pois a chegada do verão reduz a necessidade de eletricidade para aquecimento. Em contrapartida, a exigência de que a Ucrânia pare de atacar a infraestrutura energética da Rússia tira de Zelensky um dos seus trunfos mais eficazes: os ataques a refinarias e oleodutos que financiam a máquina de guerra de Putin.
Putin não só conseguiu dar a impressão de que está aberto a negociações, como também utilizou a lentidão e a falta de clareza da equipa de Trump para fortalecer a sua posição.
Para Putin, este "acordo" não passa de um teatro diplomático para enfraquecer ainda mais a posição americana. Ele sabe que Trump já interrompeu o apoio à Ucrânia uma vez e pode fazê-lo novamente, algo que deixaria Kiev ainda mais vulnerável.
A Europa e a NATO observam com preocupação a forma como Trump lida com Putin. O presidente americano não impõe qualquer resistência real às exigências russas e parece disposto a ceder gradualmente tudo o que o Kremlin deseja, o que gera um clima de desconfiança entre os aliados ocidentais.
Com Trump a demonstrar incapacidade e falta de interesse em proteger os aliados europeus, a União Europeia começa a perceber que precisa de reforçar a sua autonomia militar.
Volodymyr Zelensky já manifestou dúvidas sobre o verdadeiro alcance deste acordo. Para Kiev, um cessar-fogo indefinido pode significar um reforço do exército russo e uma ameaça ainda maior num futuro próximo.
Se Trump continuar a agir como um fantoche de Putin, a Ucrânia terá de recorrer ainda mais à União Europeia para garantir o seu apoio militar e logístico.
A administração Trump está a transformar os EUA num país diplomática e militarmente irrelevante. O facto de Putin ter conseguido impor o seu próprio ritmo às negociações mostra que a Casa Branca já não tem a influência que tinha no passado.
O que parece ser um "cessar-fogo" pode, na verdade, ser um intervalo estratégico para a Rússia reforçar as suas tropas e lançar uma nova ofensiva mais devastadora no futuro. Se os EUA realmente reduzirem o seu apoio à Ucrânia, Putin terá liberdade para consolidar as suas conquistas e preparar-se para uma ofensiva ainda maior.
A negociação entre Trump e Putin não resultou num acordo real, mas sim num reforço do poder de Moscovo e numa humilhação para os EUA.
Se Trump continuar a permitir que Putin dite as regras do jogo, os EUA perderão cada vez mais influência global, enquanto a Europa, a China e a Rússia consolidam as suas próprias esferas de poder.
A pergunta que fica é: quando os americanos perceberão que o seu próprio presidente está a minar a posição dos EUA no mundo?
Créditos para IA, DeepSeek e chatGPT (c)