Publicado em 2025-03-03 10:44:40
Em teoria, a democracia portuguesa deveria ser um sistema onde os governantes representam o povo e tomam decisões para o bem comum. No entanto, a realidade mostra um cenário bem diferente: os políticos que chegam ao poder frequentemente estão subordinados a interesses privados, sejam eles empresariais, bancários ou de outras elites que financiam as suas carreiras. O resultado é um país onde as decisões não são tomadas com base no interesse público, mas sim de acordo com a conveniência de um pequeno grupo privilegiado.
O recente escândalo envolvendo Luís Montenegro, líder do PSD e futuro primeiro-ministro, apresenta preocupantes semelhanças com o caso de Manuel Pinho, ex-ministro da Economia, acusado de ter recebido pagamentos do BES enquanto exercia funções públicas. Estes episódios são apenas dois exemplos de uma longa lista de relações promíscuas entre o poder político e os grandes interesses económicos em Portugal.
Empresas privadas e bancos financiam carreiras políticas e, em troca, esperam favores. Isso pode acontecer através de ajustes diretos em contratos públicos, legislação favorável ou nomeações estratégicas para cargos de influência. O resultado é um país onde os governantes têm "o rabo preso", incapazes de agir com independência e de tomar decisões isentas, pois devem obediência a quem os colocou no poder.
Se olharmos para os últimos anos, percebemos um padrão claro: os sucessivos governos não governam para os cidadãos, mas sim para grupos de interesse que dominam a economia e a política nacional. Grandes empresas beneficiam de isenções fiscais, bancos são resgatados com dinheiro público, e o setor imobiliário é manipulado para enriquecer investidores, enquanto os portugueses comuns veem os preços das casas dispararem.
A corrupção, o nepotismo e o tráfico de influências tornaram-se práticas comuns. A classe política, que deveria proteger o interesse público, age como gestora dos interesses das elites económicas. As grandes decisões do país não são feitas nos corredores da Assembleia da República, mas sim em jantares privados e reuniões à porta fechada.
Enquanto isso, os cidadãos comuns suportam o peso de uma carga fiscal elevada, uma economia estagnada e serviços públicos cada vez mais degradados. Portugal continua com salários baixos, um sistema de saúde em colapso e uma justiça lenta e ineficaz – tudo isso enquanto a elite política e empresarial se governa a si mesma.
O argumento de que Portugal é uma democracia torna-se difícil de sustentar quando a vontade do povo tem pouca influência sobre as decisões do governo. O que existe, na prática, é uma oligarquia, onde um pequeno grupo controla a economia e a política, garantindo que o país continue a funcionar em benefício dos mesmos de sempre.
A grande questão é: até quando os portugueses vão aceitar esta situação? A mudança de governo não tem sido suficiente para alterar este padrão, pois os sucessivos líderes políticos continuam a servir os mesmos interesses. Para que Portugal tenha uma verdadeira democracia, seria necessário um movimento de cidadania forte, exigindo transparência, responsabilização e um sistema político menos vulnerável à influência do poder económico.
A história mostra que mudanças profundas só acontecem quando os cidadãos decidem agir. Se Portugal continuar a ser governado por políticos "comprados", o país permanecerá refém de uma elite que enriquece às custas do esforço de milhões de trabalhadores. E isso, definitivamente, não é democracia.
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Créditos para IA, chatGPT e DeepSeek (c)