Portugal: Onde Nunca Há Culpados Quando Se Trata de Figuras Públicas

Publicado em 2025-03-13 21:05:47

Portugal vive um paradoxo político e institucional inquietante: apesar dos inúmeros escândalos que surgem ano após ano, ninguém nunca é verdadeiramente responsabilizado. Seja em casos de corrupção, tráfico de influências ou má gestão de recursos públicos, o desfecho é sempre o mesmo – inquéritos inconclusivos, processos judiciais arrastados e uma máquina burocrática desenhada para proteger os poderosos.

O caso mais recente, as gémeas luso-brasileiras, é um exemplo cristalino deste problema. Depois de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que expôs todos os factos, a conclusão oficial é de que… não foi possível apurar responsabilidades. Ou seja, tudo foi exposto, mas ninguém será punido.

Mas esta história não é nova em Portugal. O padrão é sempre o mesmo, independentemente do escândalo.


1. A Técnica da "Falta de Provas" e o Arrastar dos Processos

Um dos métodos mais eficazes da política portuguesa para evitar condenações é o jogo do tempo. As estratégias são conhecidas:

No fim, quem sai prejudicado é sempre o cidadão comum, que vê o seu país ser saqueado sem que ninguém responda pelos seus atos.


2. Quando Se Trata de Figuras Públicas, a Lei Funciona Diferente

Se um cidadão comum cometer uma infração fiscal mínima, o Estado será implacável. Mas quando o envolvido é uma figura pública ou um político influente, as regras do jogo mudam completamente.

Exemplos não faltam:

Estes exemplos não são exceções – são a norma em Portugal.


3. O Papel da Comunicação Social: Silêncio ou Manipulação?

Grande parte do problema reside na forma como a comunicação social trata estes casos. Em vez de fazerem uma investigação rigorosa, muitos órgãos de imprensa seguem um dos seguintes caminhos:

  1. Minimizam o impacto do escândalo, tratando-o como um problema burocrático e não como um crime contra o país.
  2. Dão tempo de antena excessivo à defesa do acusado, criando a ideia de que tudo não passa de um ataque político.
  3. Criam uma cortina de fumo, desviando o foco da verdadeira questão e transformando o assunto num espetáculo sensacionalista.

Isto leva a que a opinião pública se torne anestesiada. Com tantas versões e tanto ruído, o português médio desliga-se do tema, e é exatamente isso que as elites políticas querem.


4. A Reação do Povo: Indiferença e Resignação

A maior tragédia de tudo isto é a apatia do povo português. Com tantas décadas de impunidade e tantos escândalos sem consequências, o cidadão médio já não se indigna.

As reações mais comuns são:

Esta mentalidade é precisamente o que permite que o sistema continue a funcionar assim. Os poderosos não têm medo da justiça nem da opinião pública, porque sabem que no fim, tudo será esquecido.


5. O Que Pode Ser Feito?

Mudar esta realidade não é fácil, mas há medidas que poderiam ajudar a acabar com este ciclo de impunidade:


Conclusão: Um País Sem Consequências

Portugal tornou-se um país onde o crime compensa – desde que se tenha as conexões certas.

O caso das gémeas é apenas mais um capítulo na longa história de impunidade das elites políticas. Mais uma vez, ninguém será culpado, ninguém será responsabilizado, e os portugueses continuarão a ver o seu país ser gerido por aqueles que fazem da política um negócio e da justiça uma anedota.

Se nada mudar, daqui a alguns anos estaremos a discutir o próximo grande escândalo, com os mesmos resultados: muitas promessas de investigação, muito espetáculo mediático, e no fim… ninguém culpado.

Francisco Gonçalves

Créditos para IA e DeepSeek (c)

Imagens geradas pelo ChatGPT