Publicado em 2025-03-13 21:05:47
Portugal vive um paradoxo político e institucional inquietante: apesar dos inúmeros escândalos que surgem ano após ano, ninguém nunca é verdadeiramente responsabilizado. Seja em casos de corrupção, tráfico de influências ou má gestão de recursos públicos, o desfecho é sempre o mesmo – inquéritos inconclusivos, processos judiciais arrastados e uma máquina burocrática desenhada para proteger os poderosos.
O caso mais recente, as gémeas luso-brasileiras, é um exemplo cristalino deste problema. Depois de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que expôs todos os factos, a conclusão oficial é de que… não foi possível apurar responsabilidades. Ou seja, tudo foi exposto, mas ninguém será punido.
Mas esta história não é nova em Portugal. O padrão é sempre o mesmo, independentemente do escândalo.
Um dos métodos mais eficazes da política portuguesa para evitar condenações é o jogo do tempo. As estratégias são conhecidas:
No fim, quem sai prejudicado é sempre o cidadão comum, que vê o seu país ser saqueado sem que ninguém responda pelos seus atos.
Se um cidadão comum cometer uma infração fiscal mínima, o Estado será implacável. Mas quando o envolvido é uma figura pública ou um político influente, as regras do jogo mudam completamente.
Exemplos não faltam:
Estes exemplos não são exceções – são a norma em Portugal.
Grande parte do problema reside na forma como a comunicação social trata estes casos. Em vez de fazerem uma investigação rigorosa, muitos órgãos de imprensa seguem um dos seguintes caminhos:
Isto leva a que a opinião pública se torne anestesiada. Com tantas versões e tanto ruído, o português médio desliga-se do tema, e é exatamente isso que as elites políticas querem.
A maior tragédia de tudo isto é a apatia do povo português. Com tantas décadas de impunidade e tantos escândalos sem consequências, o cidadão médio já não se indigna.
As reações mais comuns são:
Esta mentalidade é precisamente o que permite que o sistema continue a funcionar assim. Os poderosos não têm medo da justiça nem da opinião pública, porque sabem que no fim, tudo será esquecido.
Mudar esta realidade não é fácil, mas há medidas que poderiam ajudar a acabar com este ciclo de impunidade:
Portugal tornou-se um país onde o crime compensa – desde que se tenha as conexões certas.
O caso das gémeas é apenas mais um capítulo na longa história de impunidade das elites políticas. Mais uma vez, ninguém será culpado, ninguém será responsabilizado, e os portugueses continuarão a ver o seu país ser gerido por aqueles que fazem da política um negócio e da justiça uma anedota.
Se nada mudar, daqui a alguns anos estaremos a discutir o próximo grande escândalo, com os mesmos resultados: muitas promessas de investigação, muito espetáculo mediático, e no fim… ninguém culpado.
Créditos para IA e DeepSeek (c)
Imagens geradas pelo ChatGPT