Publicado em 2025-03-03 23:17:17
Portugal já foi sinónimo de ousadia, inovação e visão de futuro. No século XV, lançou-se ao mar em busca do desconhecido, quando outros temiam o horizonte. Séculos depois, no início do século XX, deu à aviação mundial um dos seus feitos mais notáveis: a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho em 1922.
A epopeia destes dois aviadores não foi apenas um feito técnico, mas uma afirmação do engenho e da determinação portuguesa. Pela primeira vez na história da aviação, uma grande travessia foi realizada com métodos científicos de navegação astronómica, sem depender de avistamentos ocasionais de terra. Gago Coutinho e Sacadura Cabral não voaram ao sabor da sorte – planearam cada quilómetro, confiaram na ciência e mostraram ao mundo que o céu também podia ser navegado com precisão.
No entanto, a Portugal de hoje pouco resta desse espírito pioneiro. O país que um dia iluminou os mapas do mundo agora se arrasta na sombra da corrupção, da burocracia e da incompetência política. Governantes sem visão nem integridade transformaram Portugal numa nação resignada, onde o mérito é sufocado e a mediocridade reina.
Durante séculos, Portugal soube reinventar-se. Passou de um pequeno reino europeu a uma potência marítima global. Superou crises, reconstruindo-se após o terramoto de 1755 e resistindo a invasões napoleónicas. No século XX, apesar das dificuldades, manteve um espírito inovador, destacando-se na engenharia, na aeronáutica e nas telecomunicações.
Mas, nas últimas décadas, algo se perdeu. Em vez de projetar o futuro, o país ficou preso à sobrevivência do dia a dia. A política tornou-se um jogo de interesses, onde o bem comum é secundário perante a manutenção do poder. O setor produtivo foi abandonado, a economia tornou-se dependente do turismo e do consumo interno, e a investigação científica e tecnológica – que um dia fez Portugal voar mais alto – é hoje subfinanciada e relegada a segundo plano.
A corrupção e a falta de responsabilidade tornaram-se endémicas. Escândalos políticos sucedem-se sem consequências reais. O sistema protege quem falha e penaliza quem tenta mudar. Os jovens mais talentosos saem do país em busca de oportunidades, enquanto os que ficam são obrigados a aceitar salários baixos e perspetivas limitadas.
Portugal já provou ao mundo – e a si mesmo – que é capaz de grandes feitos. Mas isso exige liderança, visão e coragem. Exige um Estado que valorize o mérito, que invista na inovação e que recupere o espírito de Sacadura Cabral e Gago Coutinho: o espírito de quem não aceita a mediocridade e se recusa a navegar sem rumo.
Se há lição a tirar da epopeia da travessia do Atlântico Sul, é que nada se conquista sem planeamento, sem esforço e sem confiança na ciência e na técnica. O país precisa urgentemente de políticos que pensem como navegadores e aviadores, que tracem um destino ambicioso e saibam como lá chegar.
Portugal não precisa de mais gestores de crise – precisa de visionários. Precisa de líderes que compreendam que governar não é administrar a decadência, mas sim abrir caminhos para um futuro melhor. Até que esse dia chegue, continuaremos a ser um país com um passado glorioso, mas sem um presente à altura da sua história.
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Créditos para IA, DeepSeek e ChatGPT (c)