Publicado em 2025-03-13 14:20:04
A política portuguesa continua a ser um campo fértil para escândalos e suspeitas de corrupção. O Ministério Público abriu uma “averiguação preventiva” relativa à empresa Spinumviva, da família de Luís Montenegro, após terem chegado três queixas à Procuradoria-Geral da República.
Embora, por agora, não haja um inquérito formal, a mera necessidade de averiguar se houve ou não irregularidades já é um forte sinal de que algo está profundamente errado na forma como os políticos portugueses gerem os seus negócios privados enquanto ocupam cargos públicos.
Este caso não é isolado. Representa o mesmo padrão de comportamento que há décadas mina a democracia portuguesa: políticos que entram no poder, acumulam influência, fazem negócios obscuros, mas garantem sempre que os seus atos fiquem na margem da legalidade, mesmo que sejam moralmente indefensáveis.
A Spinumviva, empresa ligada à família de Montenegro, já estava envolvida em suspeitas de conflito de interesses devido a contratos com empresas privadas enquanto ele ocupava o cargo de primeiro-ministro. A tentativa de “resolver” o problema ao transferir a empresa para o nome dos filhos, incluindo um menor, foi vista como uma manobra desesperada e pouco convincente.
Agora, com estas novas denúncias, a questão é inevitável:
A resposta a estas perguntas pode ser o que determinará se estamos perante mais um caso de corrupção descarada ou apenas um erro ético cometido por descuido.
Ainda que a averiguação preventiva possa resultar num inquérito formal, a história recente de Portugal não dá muitas razões para acreditar que Montenegro enfrentará consequências sérias.
A justiça portuguesa tem um padrão claro: quando se trata de crimes económicos e corrupção política, os processos arrastam-se até que os crimes prescrevem, ou então as penas aplicadas são insignificantes.
Será Montenegro mais um nome nesta lista de políticos que saíram impunes, ou finalmente haverá um exemplo de responsabilização?
O que este caso revela não é apenas um problema individual de Montenegro, mas um problema sistémico da política portuguesa.
Se Montenegro sair ileso desta situação, será mais um sinal de que o sistema está completamente corrompido e incapaz de se reformar por dentro.
O maior erro que o PSD pode cometer agora é continuar a proteger Montenegro. O partido já está enfraquecido, e insistir num líder com um escândalo deste tamanho pode ser um suicídio político.
O problema é que o PSD, tal como o PS, vive de lógicas internas de poder, onde a prioridade não é Portugal, mas sim a sobrevivência dos seus dirigentes.
Se Montenegro continuar no poder e a justiça não agir, Portugal continuará a ser um país onde a corrupção não tem consequências reais, e onde os políticos podem fazer negócios privados enquanto governam o Estado sem que nada aconteça.
O verdadeiro teste agora não é apenas para Montenegro, mas para o país. Se este caso não resultar em investigações sérias e consequências reais, então Portugal estará a dar mais um passo para se tornar uma democracia completamente falhada.
Créditos para IA, chatGPT e DeepSeek (c)