Publicado em 2025-02-16 12:10:59
Nos últimos anos, temos assistido a um fenómeno repetitivo na política portuguesa: quando apanhados em situações delicadas, os políticos recorrem sempre às mesmas desculpas. O caso recente de Luís Montenegro, que garantiu ter criado uma empresa apenas para gerir a herança dos pais e negou qualquer conflito de interesses com a lei dos solos, encaixa-se perfeitamente neste padrão.
A revelação de que a sua família detém a empresa Spinumviva, cuja atividade inclui a compra e venda de imóveis, levantou suspeitas sobre um possível conflito de interesses. No entanto, Montenegro apressou-se a assegurar que nunca houve qualquer ligação entre essa atividade e a legislação sobre solos, afastando rapidamente qualquer suspeita de favorecimento.
Mas será que estas justificações convencem alguém?
A forma como Montenegro lidou com o caso não é novidade. Pelo contrário, segue o guião tradicional dos políticos populistas e da velha classe política, que têm um repertório de desculpas prontas para qualquer ocasião. Entre as mais usadas, destacam-se:
O caso de Montenegro ilustra ainda uma faceta do populismo moderno: a falsa transparência. Os políticos que mais insistem que "não têm nada a esconder" são muitas vezes os que mais escondem. A estratégia passa por declarar tudo de forma confiante, repetir frases-chave que transmitam segurança e fazer com que o público se canse do assunto antes que seja devidamente investigado.
A verdade é que, seja na esquerda ou na direita, seja com políticos tradicionais ou com os novos populistas, as táticas são as mesmas. No fim, a grande questão que fica é: quantas vezes mais vamos aceitar estas desculpas sem consequências reais?
Francisco Gonçalves
e-mail : francis.goncalves@gmail.com
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