Publicado em 2025-02-13 12:22:12
À medida que se aproxima a eleição presidencial de 2026, Portugal prepara-se para mais um ciclo político que poderá determinar o rumo do país para a próxima década. No entanto, os nomes que começam a surgir como potenciais candidatos sugerem um padrão repetitivo: figuras que já ocuparam cargos de destaque, estiveram envolvidas na máquina política do sistema e, muitas vezes, contribuíram para a estagnação do país.
A única exceção notável até agora é o almirante Gouveia e Melo, um nome que se destacou pela sua gestão eficaz do plano de vacinação contra a Covid-19. No entanto, a sua falta de experiência política levanta questões sobre a sua capacidade de liderar num ambiente onde o jogo partidário e os interesses instalados dominam as decisões.
A grande questão é: será 2026 mais uma eleição onde os portugueses escolhem entre as mesmas figuras de sempre, perpetuando um sistema ineficiente, ou haverá espaço para uma verdadeira mudança?
Os primeiros nomes que surgem como potenciais candidatos são figuras bem conhecidas do cenário político português:
Estes candidatos representam diferentes facções do mesmo sistema que tem governado Portugal. Nenhum deles sugere uma mudança real na forma como o país é conduzido. E pior: qualquer um deles poderia seguir o mesmo estilo de Marcelo Rebelo de Sousa – um presidente popular, mas ineficaz na hora de influenciar mudanças estruturais.
O atual presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, consolidou um estilo de governação marcado por proximidade com o povo, gestos simbólicos e muita comunicação social, mas pouca ação concreta para transformar o país. Durante os seus mandatos, evitou conflitos com os governos e limitou-se a uma abordagem conciliadora, sem grandes interferências.
Este estilo de presidência, que agradou a muitos portugueses no início, acabou por contribuir para a perpetuação de um sistema político onde os partidos tradicionais continuam a governar sem grande escrutínio. As crises económicas, a corrupção, o empobrecimento da classe média e a falta de reformas estruturais continuaram a marcar a realidade portuguesa, enquanto o presidente se limitava a gerir a sua popularidade.
Se os eleitores escolherem um sucessor que siga esta mesma linha, Portugal continuará estagnado, sem a liderança forte que necessita para enfrentar desafios como a falta de crescimento económico real, a corrupção e o envelhecimento da população.
O nome que tem surgido como uma possível alternativa ao sistema é o do almirante Henrique Gouveia e Melo. Durante a pandemia, ele conquistou o respeito dos portugueses pela forma como organizou o plano de vacinação, impondo disciplina e eficiência a um processo que inicialmente estava mergulhado em problemas logísticos.
A sua possível candidatura levanta algumas questões importantes:
Caso consiga manter-se independente e apresentar uma visão clara para o país, poderá ser um dos poucos candidatos capazes de trazer uma mudança real para Portugal. No entanto, se cair na tentação de alinhar-se com os partidos tradicionais para viabilizar a sua candidatura, poderá perder a única vantagem que tem sobre os seus adversários: a credibilidade.
O país encontra-se num momento decisivo. A economia continua frágil, os serviços públicos estão sob pressão, e a confiança nas instituições políticas está em queda. As eleições presidenciais de 2026 não podem ser apenas mais uma escolha entre os mesmos nomes e as mesmas ideias recicladas.
O que Portugal precisa é de um presidente que:
Se os portugueses escolherem mais um candidato do sistema, seja Marques Mendes, António Vitorino ou qualquer outro nome reciclado da política nacional, estarão a perpetuar o ciclo vicioso que tem mantido o país preso à mediocridade.
A grande incógnita para 2026 é se haverá um candidato verdadeiramente independente, capaz de romper com o status quo e trazer uma nova forma de fazer política em Portugal. Se isso não acontecer, a presidência continuará a ser um cargo decorativo, e o país seguirá no mesmo caminho de sempre: lento, ineficaz e sem grandes perspetivas de mudança.
O futuro de Portugal está nas mãos dos eleitores. Resta saber se escolherão continuar no mesmo ciclo ou se estarão dispostos a apostar numa nova alternativa.
Francisco Gonçalves
e-mail: francis.goncalves@gmail.com